No dia 10 de dezembro, o Conselho Regional de Economia do Paraná (CoreconPR) realizou o tradicional debate econômico de final de ano, intitulado “Discutindo Economia: Perspectivas da Economia para 2025”. O evento contou com a presença de economistas de destaque nos principais setores da economia paranaense, que discutiram o desempenho econômico do estado em 2024 e as expectativas para 2025. O debate já está disponível no YouTube do CoreconPR. Convidamos todos a assistirem e se inteirarem sobre as discussões relevantes que moldarão o cenário econômico para o próximo ano. O texto com as principais informações do debate também poderá ser lido abaixo.
O debate na íntegra está disponível no canal do youtube do CoreconParaná no link: https://youtu.be/S6tZTkBletk?si=BdSKCVjeSZbkT1ZK
Economia brasileira deve desacelerar o crescimento em 2025, segundo economistas
Economistas dos principais setores da economia apresentaram uma análise do desempenho econômico do Paraná em 2024 e traçaram as perspectivas para 2025.
A elevação da taxa de juros deve frear o crescimento econômico do Brasil em 2025, afetando consumo das famílias e investimentos empresariais, de acordo com economistas dos principais setores econômicos do Paraná que participaram do evento promovido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (CoreconPR), o tradicional debate econômico de final de ano – Discutindo Economia: Perspectivas da Economia para 2025. Durante o evento, os economistas apontaram tendências e os desafios para o próximo ano nos principais setores, como Indústria, Comércio, Serviços, Agronegócio e Emprego, além de analisar o cenário nacional e internacional.
O debate foi mediado pela vice-presidente do CoreconPR, Andrea Cristhine Prodohl Kovalczuk, e contou com a participação de economistas representantes de instituições renomadas, como a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR) e o CORECONPR.
Agronegócio
De acordo com o economista da FAEP, Luiz Eliezer Ferreira, de janeiro a outubro, o agronegócio representou em torno de 80% das exportações do Paraná. Dos US$ 20,04 bilhões comercializados, US$ 15,85 bilhões foram provenientes da agricultura e pecuária. Os principais produtos exportados foram o complexo da soja (42,52%), carnes (24,37%), produtos florestais (14,55%), complexo sucroenergético (R$ 7,61%), milho (2,74%) e café (2,20%). Entre os produtos, destaca-se o aumento na exportação do café em 23,30%. A queda na exportação é observada na soja, em virtude do aumento da produção deste grão na China e Estados Unidos, com queda de 7,61%.
O economista da FAEP destaca que um dos grandes entraves do crescimento no agronegócio paranaense são as questões climáticas adversas, que atrapalham o desenvolvimento da lavoura e até prejudicam a produção. Inclusive, o economista menciona que as chuvas fortes dos últimos dias já estão afetando o crescimento da soja.
Eliezer destaca que a expectativa do setor é que ocorra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que deve beneficiar muito as exportações do agronegócio, se tornando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Se ocorrer, de acordo com o economista, nos próximos 15 anos, as importações e as exportações entre estes países, que fazem parte destes blocos, têm o potencial de movimentar 1 trilhão de dólares neste período.
Indústria
Na indústria, de acordo com o economista da FIEP, Evânio Felippe, a produção industrial teve um crescimento de 3,3% até setembro deste ano. De um total de 13 atividades produtivas, 10 estão performando de forma positiva enquanto 3 têm apresentado um desempenho menos dinâmico. Na geração de empregos, até outubro o saldo total de novas vagas criadas na indústria cresceu 136% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com exceção de eletricidade e gás que no ano o estoque de trabalhadores está caindo, nos demais grandes setores industriais – água e esgoto, transformação, extrativo e construção – o estoque tem apresentado uma trajetória positiva.
Para a indústria, segundo ele, o grande desafio é a escassez de mão de obra qualificada, tanto na quantidade quanto na qualidade exigida. Hoje, o dinamismo da atividade industrial é um importante vetor de crescimento econômico, no entanto, diante desse desafio isso pode comprometer a capacidade de crescimento das nossas empresas no Estado.
Outro entrave que pode comprometer o dinamismo econômico da atividade industrial é o aumento da taxa básica de juros da economia, hoje em 12,25%. Além disso, para as duas próximas reuniões (janeiro e março de 2025) há uma sinalização de aumento de mais dois pontos percentuais na Selic. Esse cenário pode comprometer a capacidade de consumo e investimentos na economia, provocando uma redução no ritmo de produção.
O economista da Fiep, também comenta que a taxa de câmbio é outra variável que tem impactado o ritmo da atividade produtiva na economia. Com uma depreciação estimada em quase 18% até novembro desse ano e com a moeda norte-americana ultrapassando a casa dos R$ 6,00, tem-se tornado mais difícil para o setor produtivo absorver esses custos sem repassar para os preços finais essa variação negativa da moeda brasileira.
Comércio
Lucas Dezordi, economista da Fecomércio, apresentou as iniciativas da entidade em parceria com o Sebrae para monitorar a intenção dos paranaenses nas compras de datas especiais como Dia das Mães, Black Friday e Natal. A força do comércio paranaense, que ocupa a 5ª posição no mercado nacional, movimentando R$ 39,7 bilhões. Em 2024, o comércio paranaense ultrapassou a média nacional, que tem sido de 3,8%, performando em 5,1%. Para 2025, o economista projeta uma desaceleração, com crescimento de 2,5%, em decorrência do aumento da taxa de juros.
Trabalho e Emprego
A taxa de desocupação está em 6,4% no Brasil e 4,0% no Paraná (3° trim. de 2024), o menor índice desde 2013, de acordo com Sandro Silva, economista do Dieese. “Apesar da melhora nos últimos anos, a qualidade das ocupações nos últimos 10 anos piorou, com aumento da precarização e manutenção da informalidade em patamar elevado”.
A geração de postos de trabalho formais no Paraná cresceu 5,28% de janeiro a outubro de 2024, com a geração de 163.206 postos de trabalho, destacando os setores da construção, serviços e indústria. “Um dos grandes desafios é melhorar a qualificação das ocupações geradas, segundo o economista, principalmente, avançar na valorização dos salários e nas condições de trabalho (jornada). E, para o próximo ano, a expectativa é continuar gerando empregos, mas em patamar inferior, em virtude da desaceleração econômica prevista”, observa.
Cenários Nacional e Internacional
O economista da AMEP, Wilhelm Meiners, aponta que os indicadores econômicos internacionais apontam para maiores riscos ao crescimento econômico em 2025, devido a fissuras geopolíticas e mudança no governo americano, com aumento previsto das tarifas de importação norte-americana. Diante desta condição, a economia mundial deve crescer cerca de 3,2%.
Alguns desafios a longo prazo da economia mundial são os eventos climáticos extremos, as tensões comerciais com potencial para afetar as cadeias produtivas globais, com aumento nos custos de produção menor crescimento econômico. Também, a escassez de recursos naturais e transição energética: esgotamento de reservas de terras aráveis, de águas potáveis, metais raros e fontes de energia. Os investimentos em transição energética e climática estão 60% abaixo do necessário para evitar a superação do aquecimento climático previsto na meta de Paris.
Segundo Wilhelm Meiners, a desglobalização é uma ameaça aos pilares da ordem econômica internacional – comércio, fluxos de capital, imigração e multilateralismo. Fragmentação dos fluxos de financiamento e das cadeias globais de suprimentos.